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terça-feira, 10 de junho de 2008

Literatura Filosofia Política

ALMADA NEGREIROS
Pintor e escritor, 1893 - 1970

QUANDO TUDO ACONTECEU...
1893: Nasce em S.Tomé e Príncipe - 1896: Morte da mãe. - 1900: Entra como aluno interno no Colégio dos Jesuítas, em Campolide. O pai casa novamente - 1905: Redige e ilustra jornais manuscritos - 1910 : É extinto o Colégio dos Jesuítas. Vai para Coimbra - 1911: Lisboa. Ingressa na Escola Internacional - 1915: Escreve o Manifesto Anti-Dantas - 1919: Vai para Paris - 1920: Regressa a Lisboa - 1925: Pinta dois painéis para a Brasileira do Chiado - 1927: Parte para Madrid - 1932: Regressa a Lisboa - 1933: Casa com Sarah Afonso - 1934: Nasce o filho José - 1938: Conclui os vitrais da Igreja de Nª Senhora de Fátima - 1939: Morre o pai em Paris. - 1943: Faz os estudos preparatórios para os frescos da Gare Marítima de Alcântara - 1954: Pinta o retrato de Fernando Pessoa para o restaurante Irmãos Unidos - 1966: É eleito membro honorário da Academia Nacional de Belas Artes -1967: Recebe o Grande Oficialato da Ordem de Santiago e Espada - 1970: Morre em Lisboa.
S. Tomé e Príncipe. O tenente de cavalaria António Lobo de Almada Negreiros é o administrador do Concelho de S.Tomé. Já fundou vários jornais e nunca deixou de se dedicar ao jornalismo. É um estudioso dos problemas coloniais. A mulher, Elvira Sobral, é natural de S.Tomé. Foi educada no Colégio das Ursulinas, em Coimbra. Vivem na Roça da Saudade. Local onde no dia 7 de Abril de 1893 vêem nascer o seu primogénito. Terá o nome de José Sobral de Almada Negreiros. Terão ainda outro filho de nome António. O lugar é ideal para uma infância tranquila. Porém em 1896 Elvira Sobral morre. As crianças são ainda muito pequenas. Ficarão algum tempo em S.Tomé.
Em 1900 António Almada Negreiros é nomeado para a exposição Universal de Paris. O Pavilhão das Colónias estará a seu cargo. Acabará por aí fixar residência voltando a casar.
Em Lisboa, os filhos estão agora em idade escolar. A educação das crianças fica a cargo dos Jesuítas, os quais têm uma herança de poder no ensino da aristocracia. Entram como alunos internos no Colégio de Campolide.
José de Almada Negreiros tem sete anos. Uns olhos grandes para ver o mundo. Aos doze anos dedica-se já às letras e ao desenho. A República e o O Mundo são títulos de jornais manuscritos em que ilustrações e textos são da sua autoria. Não é vulgar um menino ser usado assim.
Em Portugal as águas agitam-se. A política está em ebulição. Os partidos monárquicos não se entendem. Todos ambicionam o poder. Enquanto isto, os republicanos unem-se, movimentam-se. A 5 de Outubro de 1910, a Revolução. É a implantação da República. Muitos são perseguidos. Novas ideias adoptadas. Combate-se o passado. O anti-clericalismo grassa. Não tinha sido a Igreja o grande protector do poder? É preciso remodelar. Os Jesuítas são uma elite. A sua influência deve acabar. O Colégio de Campolide é extinto.
Almada vai para o Liceu de Coimbra. Não por muito tempo. Em 1911 ingressa na Escola Internacional em Lisboa. O sistema de ensino é diferente. Facilitam-lhe um espaço que serve de oficina. Aprende por conta própria.
"Eu sou o resultado consciente da minha própria experiência"
O movimento artístico português necessita de inovação. Os artistas plásticos continuam a satisfazer os gostos de uma sociedade burguesa. O naturalismo predomina na arte. Os impressionistas não têm repercussões em Portugal. É um país limitado. Almada sabe-o. Há que dizê-lo.
Em 1913 publica o primeiro desenho n’A Sátira - é necessário agitar a mentalidade artística portuguesa. No mesmo ano faz a primeira exposição individual. São cerca de 90 desenhos.
Fernando Pessoa escreve uma crítica à exposição. Quando Almada o aborda, responde-lhe que não percebe nada de arte... Nasce a amizade.
Entretanto Almada não pára. Colabora em várias publicações. Faz ilustrações. Escreve a primeira poesia. Desenha o primeiro cartaz. Junta-se com outros artistas.
Em 1915 sai o primeiro número da revista ORPHEU. Algum escândalo
Júlio Dantas deprecia o trabalho. Reacções à inovação. Critica a publicidade feita à revista. Afirma não haver justificação para o sucesso. Diz que os autores são pessoas sem juízo.
A 21 de Outubro do mesmo ano estreia-se a peça Soror Mariana. O autor é Júlio Dantas. Almada vai agora reagir. Publica o Manifesto Anti-Dantas e por extenso. O manifesto não é apenas contra Dantas. É uma reacção contra uma geração tradicionalista, uma sociedade burguesa, um país limitado.
"... Basta PUM Basta!
Uma geração, que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! PIM!
No fim assina: POETA D' ORPHEU, FUTURISTA E TUDO.
A I Guerra Mundial assola a Europa. Muitos artistas portugueses regressam a Portugal: Amadeu Sousa Cardoso, Guilherme Santa Rita, Eduardo Viana, são alguns deles. Outros são refugiados: Sonia e Robert Delaunay.
O Manifesto causa impacto nos meios artísticos. Afinal há alguém que ousa contestar a cultura instituída. Alguém que ousa criticar a sociedade, o País. Não se pode ficar ausente. É necessário intervir. Unir esforços para que haja uma acção artística. Um movimento que cresça...
Amadeu decide sair do isolamento em Manhufe. Em 1916 faz duas exposições em Lisboa e Porto. Almada escreve no prefácio da exposição:
"Amadeu de Sousa Cardoso é o documento conciso da Raça Portuguesa do séc. XX".
É o modernismo da arte portuguesa. O movimento não pára: nas letras e nas artes. Portugal está no século XX. A transformação é uma necessidade. É preciso agitar, por vezes provocando. Almada fá-lo no Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do séc. XX:
É preciso criar a Pátria Portuguesa do séc. XX
O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem Portugueses, só vos faltam as qualidades.
Em 1918 morrem Amadeu e Santa Rita. Companheiros que se perdem...
Almada decide ir para Paris no ano seguinte. Não procura os mestres. Mas faz procuras. "Eu gosto de procurar sozinho para me encontrar com todos"
Vive numa mansarda na Rue de Notre Dame de Lorette. Para viver trabalha como dançarino de salão, bailarino numa boite, empregado de fábrica.
Regressa a Lisboa em 1920. Dedica-se essencialmente ao desenho. Faz capas de livros, cartazes, desenhos humorísticos. Escreve textos. Sempre a multiplicidade. Sempre a procura:
"Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria. Deve haver certamente outras maneira de se salvar uma pessoa, senão estarei perdido."
Nunca se perderá!
O café A Brasileira é o ponto de encontro de artistas. Possui um espaço que destina aos quadros de artistas. Em 1925 é a vez de Almada. Dois painéis são expostos. Num deles o auto-retrato, entre amigos. Almada também é pintor...
Em 1927 vai para Madrid. Colabora em várias publicações espanholas, Cronica, La Farsa entre outras. Escreve El Uno, tragédia de la Unidad - obra composta de duas peças que dedica à pintora Sarah Afonso. Há-de vir a ser sua mulher.
Ainda em Espanha colabora com arquitectos. Faz murais na Cidade Universitária de Madrid, nos cinemas Barceló e San Carlos e no Teatro Muñoz Seca. Estas duas últimas obras hão-de desaparecer durante a guerra.
Em Espanha, prenúncios de agitação. Melhor será regressar à Pátria.
Portugal vive agora o início do Estado Novo. Salazar já está já no governo. A política do país é virada para o interior. Portugal cada vez mais longe da Europa. Aposta-se nas grandes obras públicas. Tudo deve ser útil e mostrar o prestígio do Estado.
Aposta-se sobretudo na escultura e na arquitectura. É aquilo que todos vêem. O povo ficará fascinado, a Pátria enaltecida, o Estado Novo representado.
António Ferro, um jornalista, é o grande divulgador destes ideais. Tudo deve ter "ordem e equilíbrio". O Governo apoia esta pequena abertura, controlando-a. É criado o SPN - Secretariado da Propaganda Nacional. São instituídos prémios nas várias áreas artísticas. Com estes meios o poder chama para junto si alguns artistas portugueses.
Em 1933 Almada elabora o cartaz para o SPN: Votai uma nova Constituição. É uma colaboração que se inicia. Não com subserviência. Não sem críticas. Mas colaboração...
No ano seguinte casa com Sarah Afonso. Mais tarde hão-de ter um filho: José. Almada pinta Maternidade.
Continua sem parar. Nunca abandona a multiplicidade. Conferências, cartazes, poesia, painéis, vitrais, selos. Num deles a frase de Salazar Tudo pela Nação. Os futuristas são afinal patriotas?
Em 1938 conclui os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima. O público não aprecia. São demasiadas inovações para quem ainda está preso a tradições. É sempre difícil afrontar os dogmas religiosos. Almada não se incomoda.
No ano seguinte morre-lhe o pai em Paris. Há muito que o tempo marcara a distância.
Outros desassossegos em Lisboa. Grandes acontecimentos preparam-se para o ano seguinte: as comemorações da Fundação da Nacionalidade e o terceiro centenário da Restauração. É preciso mostrar a glória do passado, a força da Grei. Portanto, a exposição d'O Mundo Português, jardim zoológico dos escravos do Império.
Almada é encarregado de fazer os vitrais para o Pavilhão da Colonização. Da sua autoria são também os cartazes Duplo Centenário e Festas do Duplo Centenário.
Muitos acham estranha esta colaboração. Tanto mais que à Comissão executiva preside Júlio Dantas. É o vício de comer todos os dias... Em contrapartida, não se pode deixar de reconhecer um grande artista. O SPN sabe-o. Organizam-lhe uma exposição sobre os trinta anos de desenho. Depois será a atribuição do prémio Columbano pela sua tela Mulher. É o reconhecimento como Mestre.
O Estado continua com as grandes obras. Querem-se úteis e populares.
A escrita é, para Almada, uma forma de crítica:
"As construções do Estado multiplicam-se a olhos vistos, porém as paredes estão nuas como os seus muros, como um livro aberto sem nenhuma história para o povo ler e fixar."
Almada colabora também com arquitectos. Sobretudo com Pardal Monteiro. As Gares Marítimas, as Universidades, a Igreja de Nª. Senhora de Fátima. É através da pintura que se pode ler.
As Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha são locais onde todos os dias passa o povo que trabalha. Os painéis devem mostram aquilo que ele faz, aquilo que sente. Por vezes o que sofre - a emigração e a saudade que fica. É a mistura do real e do lendário. A vida quotidiana e as lendas de gerações. As varinas de Lisboa e a Nau Catrineta. Coisas que a arraia-miúda conhece.

Almada não pode parar. O trabalho é uma constante. Em todas as áreas se vê o Mestre. O azulejo e a tapeçaria merecem também a sua atenção. No final da década de 40 dedica ainda algum tempo ao desenho de figurinos para o bailado Mefisto Valsa.
O estudo é aquilo que Almada não deixa nunca de fazer. Com os seus textos, publicados ou não, Almada procura o conhecimento, o saber.
Em 50 publica "A chave diz: faltam duas tábuas e meia de pintura do todo na obra de Nuno Gonçalves". Há muito que o mestre vem estudando os painéis. Não deixará o tema. Faz propostas sobre a hipótese de uma nova reorganização do painel. Controvérsias para obra tão importante. Continua a provocar. Nunca deixará de o fazer até ao fim.
Em 54, o Restaurante Irmãos Unidos encomenda-lhe uma tela. Inicialmente a pintura chama-se Lendo Orpheu. É o retrato de Fernando Pessoa, uma certa forma de homenagem. Um dia a obra há-de ser leiloada e causar surpresas. Outras histórias.
Em 59 o SNI atribui-lhe o "Prémio Nacional das Artes". Galardão que não serve para calar o mestre. No mesmo ano Almada assina um protesto público pela nomeação de Eduardo Malta para Director do Museu de Arte Contemporânea. Nunca o Mestre será moldado. Continua a dizer o que pensa, mesmo que o poder não goste. É ainda o menino com olhos de gigante.
O Estado sabe que não convém hostilizar o Mestre. Tanto mais que Almada é um artista reconhecido, homenageado. Melhor será partilhar a opinião geral. Decidem nomeá-lo procurador à Câmara Corporativa na subsecção de Belas- Artes. No ano seguinte propõem-lhe, e aceita, o Grande Oficialato da Ordem de Santiago Espada.
Almada tem 75 anos. A vitalidade ainda perdura. Executa o painel Começar para o átrio da Fundação Calouste Gulbenkian e os frescos para a Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.
Em 1970 o Retrato de Fernando Pessoa é leiloado. Almada assiste ao leilão. O preço atingido, 1300 contos, causa admiração. Nunca um pintor português conseguira tal proeza.
No mesmo ano assina o acordo para a publicação do primeiro volume das suas Obras Completas.
Em Junho dá entrada no Hospital de S. Luís dos Franceses.
No dia 15 morre. No mesmo quarto onde morrera Fernando Pessoa.
Em tempos Almada respondera a alguém:
AS PESSOAS QUE EU MAIS ADMIRO SÃO AQUELAS QUE NUNCA ACABAM.
http://www.vidaslusofonas.pt/almada_negreiros.htm

Sete razões para gostar de Portugal
09 06 2008 08.51H
É amanhã o dia de Portugal. O primeiro motivo para nos sentirmos felizes com o 10 de Junho, é porque é feriado. Celebrar e trabalhar são dois conceitos que consideramos totalmente incompatíveis. Nos anos em que a folga favorece uma ponte ficamos ainda mais gratos, e pela mesma lógica, abominamos aqueles em que calha a um fim-de-semana, altura em que nos sentimos cem vezes menos patriotas.
O segundo motivo para gostarmos de Portugal, é o facto da nossa Selecção ter ganho à Turquia. É possível que tenha sido fruto de um acordo de bastidores, do estilo deixam-nos ganhar e a malta vota na vossa entrada para a União Europeia, mas agora não é altura de falar nisso.
O terceiro motivo é o sol. O sol e a luz que chega com o céu de um azul que não se encontra em mais parte nenhuma do mundo. Esteve quase a não chegar a tempo para entrar nesta lista, mas chegou, obedecendo ao princípio muito português de que as coisas ficam melhores quando são deixadas para a última hora.
O quarto motivo é a certeza de que o Santana Lopes não vai chegar ao poder, embora os sebastianistas garantam que vai voltar a surgir numa manhã de nevoeiro, e tudo é possível.
O quinto motivo é a sorte do Governo ser dirigido por um homem que fuma às escondidas. Prova-nos que, ao contrário do que a nossa deprimente taxa de natalidade indica, somos um país de adolescentes.
O sexto motivo prende-se com a afirmação do Eng, Sócrates de que não conhecia a lei anti-tabágica que publicou, o que nos deixa mais descansados. Viver um país onde a ignorância da lei não serve a ninguém deve ser uma canseira. O sexto motivo é o facto da gasolina estar sempre a subir, porque - e, atenção, a graça é de Ricardo Araújo Pereira - assim combatemos a criminalidade. Não há assalto que compense o orçamento da operação.
O sétimo motivo, e mais importante, é depois de dois séculos de tentativas de anexação por parte de Castela, continuarmos a celebrar a nossa independência.
Isabel Stilwell editorial@destak.pt


Almada Negreiros
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Almada Negreiros na I Conferência Futurista, Abril de 1917
José Sobral de Almada Negreiros (Trindade, S. Tomé, 7 de Abril de 1893Lisboa, 15 de Junho de 1970) foi um artista multidisciplinar, pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista português ligado ao grupo modernista.Também foi um dos principais colaboradores da Revista Orpheu.

[editar] Vida
Era filho de Antóniana de Almada Negreiros, um tenente de cavalaria que foi administrador do Concelho de São Tomé,e fundador de diversos jornais. Uma parte da sua infância foi passada em São Tomé e Príncipe, terra natal da sua mãe, Elvira Sobral.
Depois da morte da sua mãe, em 1896, veio viver para Portugal; nesta altura, em 1900, o seu pai é nomeado encarregado do Pavilhão das Colónias na Exposição Universal de Paris, deixando os filhos José e António, ao cuidado dos jesuítas no Colégio de Campolide.
Em 1911, após a extinção do Colégio de Campolide dos Jesuítas, José entra para a Escola Internacional de Lisboa, após uma breve passagem pelo Liceu de Coimbra. Nesta escola, consegue um espaço, onde irá desenvolver o seu trabalho, publicando ainda nesse ano, o seu primeiro desenho na revista A Sátira e publica o jornal manuscrito A Paródia, onde é o único redactor e ilustrador.
Em 1913 apresenta na Escola Internacional de Lisboa, a sua primeira exposição individual composta de 90 desenhos; aqui trava conhecimento com Fernando Pessoa, com quem edita a Revista Orpheu juntamente com Mário de Sá Carneiro.
Júlio Dantas, médico, poeta, jornalista e dramaturgo, é a maior figura da intelectualidade da época e afirma que a revista é feita por gente sem juízo. Irónico, mordaz, provocador mesmo, Almada responde com o Manifesto Anti-Dantas, onde escreve: “…uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração! Morra o Dantas, morra! Pim!”
O manifesto teve algum impacto no meio artístico; é tempo de mudar as mentalidades e a sociedade e Almada fá-lo como poucos, atacando a cultura burguesa instituída e os seus representantes ao mais alto nível.
Escreve a novela A Engomadeira, em 1917
Em 1919 vai viver para Paris, onde exerce diversas actividades e escreve a Histoire du Portugal par coeur. Em Paris, fica apenas cerca de um ano e quando regressa, vai colaborar com António Ferro, tendo inclusivamente desenhado a capa do livro deste, Arte de Bem Morrer.
Em 1927 volta a deixar Portugal, indo desta vez para Espanha, onde para além de colaborar com diversas revistas, Almada escreve El Uno, Tragédia de la Unidad, obra dedicada à pintora Sarah Afonso, com quem viria a casar em 1934, já após o seu regresso a Portugal.
Em Portugal já vigora o Estado Novo e Almada, nacionalista convicto, começa a ser solicitado para colaborar com as grandes obras do estado. O Secretariado da Propaganda Nacional – SPN, encomenda-lhe o cartaz de apelo ao voto na nova constituição; o mesmo secretariado, irá organizar mais tarde a exposição Almada – Trinta Anos de Desenho, convidando-o para se apresentar na exposição Artistas Portugueses no Rio de Janeiro em 1942.
O SPN viria ainda a atribuir a Almada Negreiros o Prémio Columbano pela sua tela intitulada Mulher.
A partir daqui, Almada dedica-se principalmente ao desenho e à pintura: Pinta os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que o público, agarrado às tradições, não aprecia; pinta o conhecido retrato de Fernando Pessoa, os painéis das gares marítimas de Alcântara e da Rocha Conde de Óbidos, pelas quais recebe o Prémio Domingos Sequeira; pinta o Edifício da Águas Livres e frescos na Escola Patrício Prazeres; pinta as fachadas dos edifícios da Cidade Universitária e faz tapeçarias para o Tribunal de Contas e para o Palácio da Justiça de Aveiro, entre muitos outros.
Tendo colaborado tanto com o Estado Novo, o que a muita gente causou estranheza, Almada, não deixaria de escrever: “As construções do Estado multiplicam-se, porém, as paredes estão nuas como os seus muros, como um livro aberto sem nenhuma história para o povo ver e fixar”.
Em 1954 Almada pinta o célebre retrato de Fernando Pessoa.
Os seus últimos trabalhos, já com 75 anos, são o Painel Começar na Fundação Calouste Gulbenkian e os frescos da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.
Almada Negreiros, morre em 14 de Junho de 1970, de falha cardíaca, no mesmo quarto do Hospital de São Luís dos Franceses, onde também tinha morrido Fernando Pessoa.
Este texto virulento do jovem Almada (que contava 23 anos) terá sido escrito entre Abril e Setembro de 1916, sendo, portanto, anterior à conferência de 1917, início oficial do movimento futurista em Portugal.
Saiu este folheto de 8 páginas impresso em papel de embrulho, ao preço de 100 reis, todo grafado em maiúsculas e utilizando aqui e além, para sublinhar a onomatopeia - PIM!-, uns ícones representando uma mão no gesto de apontar. Segundo se diz, terá esgotado nos primeiros dias, por obra do açambarcamento do próprio visado. Apesar disso, ou graças a isso, o escândalo rapidamente se propalou e a polémica causada teve uma grande intensidade. É que, no fundo, não é só a pessoa de Dantas que é atacada, mas toda uma geração de literatos, actores, escritores, jornalistas, etc, que ele personificava: "Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi". Através da ironia e do sarcasmo, utilizando uma linguagem iconoclasta e insultuosa, abusando de exclamações, repetições e enumerações, Almada zurze o academismo instalado e os valores tradicionais que pretendia abalar.
Em suma, trata-se de um ataque implacável ao edifício cultural e artístico vigente que impedia a entrada e frutificação das novas correntes estéticas em Portugal. É Almada a abrir caminho ao Futurismo e a si próprio.(Leia-se a propósito desta querela um curioso artigo de Fernando Dacosta, que nos atrevemos a transcrever, com a devida vénia)

MANIFESTO ANTI-DANTAS E POR EXTENSOpor José de Almada-Negreiros
POETA D'ORPHEU FUTURISTA e TUDO

BASTA PUM BASTA!
UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM DANTAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO!
ABAIXO A GERAÇÃO!

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